sábado, 9 de junho de 2007

Os computadores também enferrujam

O meu primeiro computador "a sério" foi um Mac LC, no princípio dos anos 90; antes tive um ZX Spectrum, uma caixa maravilha que não posso classificar como computador. Apesar de ser um Macintosh de gama baixa tinha algumas características interessantes, que o punham "a milhas" dos PCs com Windows: tinha um sistema operativo decente (em Português impecável) e trabalhava com milhares de cores. A arquitectura era equivalente à dos PCs desse tempo (386) com um processador de 16MHz, 32 bits a trabalhar num bus de 16 bits; mas a memória com 4MB era largamente superior. E, sim, era um Macintosh.

A maior decepção era o pequeno ecran, apenas 560x384 pixels. Pelo lado positivo tinha entrada de som integrada, uma novidade na altura mesmo para um Mac. No meu trabalho havia uma equipa criativa que trabalhava com Macs e eu tinha acesso a muitas aplicações que apenas existiam para aquela plataforma, como o XPress e o Photoshop. Depois comprei um modem e inscrevi-me num bulletin board system (a internet só chegou a meio da década) que tinha muitos ficheiros para Mac.

No ano seguinte comprei uma impressora StyleWriter, que utilizava a recente tecnologia de impressão por jacto de tinta. Era lenta e a preto e branco mas com as fontes proporcionais do Mac e a possibilidade de imprimir linhas ou imagens produzia documentos impossíveis de obter no PC.

Mais um ano, uma nova adição com tecnologia recente: um Apple CD-ROM 300. No terceiro ano, actualizei o computador para um Mac LC III colocando o equipamento a par dos PCs da altura (486), com 25MHz a trabalhar num bus de 32 bits; aos 4MB de memória originais juntei outros 4, ficando com a "loucura" de 8MB que permitiam executar qualquer programa, alguns lentamente. Não me lembro quando substituí o disco original de 40MB por outro com 234MB.


A última quinta-feira foi feriado e encontrei-me sem nada interessante para fazer nem vontade para blogar; olhei para o lado, vi o velho Mac coberto de pó e decidi ressuscitá-lo. No princípio quase nada funcionava, às vezes nem arrancava (got the sad mac face, if you know what I mean). Depois percebi que o teclado precisava apenas de uso: carregando frenéticamente em cada tecla, ela começava a responder; pelo meio descolei a tecla 9, que uma vez tinha partido, já não me recordava qual era.

O leitor de CDs foi mais difícil. Depois de verificar as ligações e extensões de sistema várias vezes, encorajado pelo resultado no teclado, decidi dar-lhe uns fortes abanões e começou a funcionar. Afinal os computadores também enferrujam.

Os computadores evoluiram pouco nos últimos 15 anos. A utilização da internet generalizou-se, as velocidades e capacidades aumentaram como previsto, existem muito mais ferramentas mas a máquina e a forma como é utilizada são quase as mesmas. Até agora só notei uma falta no velho Mac: os menus de contexto que saltam com o botão direito do rato.

Hoje todos os computadores pessoais são como o Mac, desde o Windows até ao Linux com KDE ou Gnome. Até os programas são os mesmos: XPress, Photoshop e Illustrator continuam a dar cartas, o Acrobat é um standard na prática; o Word e o Excel como os conhecemos hoje nasceram no Mac. Não existiam editores de web, mas já existia o Director que teve como descendente o Flash, king of the impossible, savior of the universe.

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