domingo, 4 de novembro de 2007

Mentiras perigosas

Em 5 Fevereiro 2003 o antigo secretário de estado estado-unidense Colin Powell afirmava no conselho de segurança das Nações Unidas que possuía fontes credíveis [solid sources] permitindo confirmar a existência, no Iraque, de armas químicas e biológicas. Seis semanas depois o Iraque era invadido e até hoje essas armas nunca foram reveladas; nem sequer as instalações mostradas em imagens de satélite foram confirmadas, e hoje [quase] todos pensam que as chamadas armas de destruição maciça [ADM] não existiam.

Na referida apresentação Colin Powell mencionava quatro testemunhas que confirmavam a produção das ADM. Uma referenciava simplesmente meios de transporte, outra mencionava meios de produção móveis e uma terceira falava de meios de investigação móveis, tudo sem pormenores; a principal testemunha era mais explícita:
The source was an eyewitness, an Iraqi chemical engineer who supervised one of these facilities [...] This defector is currently hiding in another country with the certain knowledge that Saddam Hussein will kill him if he finds him.

Segundo o programa "60 minutos" que a CBS vai apresentar hoje, e provavelmente será um dia transmitido na SIC notícias, essa tal testemunha era afinal um aldrabão: "não só um mentiroso, mas também um ladrão e um fraco estudante em vez do engenheiro químico que dizia ser". Segundo parece ele mentiu para aumentar a sua importância e conseguir mais facilmente asilo na Alemanha.

Eu penso que do ponto de vista da administração estado-unidense as ADM foram apenas mais um pretexto para a invasão. Mas pergunto-me qual foi a importância do testemunho do senhor Alwan na decisão dos outros países, e qual seria a diferença se os Estados Unidos não tivessem sido apoiados por Reino Unido e Espanha primeiro, Polónia e Dinamarca depois.

Pode o bater de asas de uma borboleta provocar um tufão?


Actualização segunda-feira, 5 de Novembro de 2007:

Penso que a reportagem está totalmente no YouTube em duas partes.

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